sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Quatro adolescentes e jovens brasileiros participam na sede da ONU de debate sobre inclusão escolar


Mais de 500 adolescentes e jovens de todo o mundo vão se reunir em Nova Iorque, nos Estados Unidos, para discutir estratégias de promoção da inclusão escolar entre os dias 19 e 24 de setembro, em um evento paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas. A delegação brasileira conta com quatro adolescentes e jovens, entre eles duas amazonenses e dois do Distrito Federal.
Entre os dias 19 e 24 de setembro, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) organizará um evento paralelo à agenda da Assembleia da ONU para anunciar os principais resultados do estudo sobre exclusão escolar de adolescentes de 15 a 17 anos. O estudo foi realizado em 2012 e 2013 no Brasil, Indonésia, México e Turquia.
Gessica Soares, 17, é uma das participantes convidadas para o evento. Gessica mora no bairro Zumbi, em Manaus, e pela primeira vez sairá do seu estado para discutir com outros jovens as estratégias de enfrentamento à exclusão escolar. A adolescente manauara foi selecionada pelo UNICEF para participar do evento por seu envolvimento com movimentos sociais e sua história de vida. Ela enfrentou inúmeras dificuldades sociais e econômicas e, na escola, sofreu bullying e preconceito racial. Apesar disso, nunca desistiu de estudar.
Animada com a viagem, ela comenta que “esta oportunidade é uma conquista”. “Vou mostrar que é possível, sim, lutar pelos direitos e por um mundo melhor. Além de participar do evento, quero trabalhar para melhorar a educação em meu estado e compartilhar minha experiência. Quero novas oportunidades para os jovens dentro das comunidades”, explicou.
Raquel Vieira é uma jovem indígena, da etnia Piratapuya. Nascida e criada em São Gabriel da Cachoeira, ela chegará a Nova Iorque com a missão de “mostrar como a educação se dá no meu município e país, além de tentar, em parceria com outros órgãos, encontrar uma forma de reverter essa situação”. Raquel conta que já viu amigos desistindo de estudar pela distância entre a escola e a casa. “Uma amiga minha morava em uma comunidade distante da escola, ela teve que desistir. Também se vê muito preconceito com os indígenas dentro da escola, tanto entre alunos como entre professores”.
Walisson Lopes de Souza, 19, é morador da Estrutural, comunidade que nasceu da ocupação de catadores de material reciclável próximo ao aterro sanitário do Distrito Federal. Ele é estudante do terceiro ano do ensino médio e há três anos participa das atividades do Projeto Onda – Adolescentes em Movimento pelos Direitos, coordenado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), que oferece formação em política pública e monitoramento do orçamento público. Em 2014, participou de uma pesquisa sobre exclusão escolar, que levantou dados sobre as principais causas da evasão.
Outra participante do Distrito Federal, Iana Mallmann, 18, é estudante do terceiro ano do ensino médio. Ela integra o conselho escolar, atua também no movimento LGBTT e conduziu uma pesquisa semelhante em Sobradinho, Distrito Federal, para identificar quais os elementos positivos e negativos da escola, na opinião dos estudantes.
Conforme atesta a publicação “O Enfrentamento da Exclusão Escolar”, realizada pelo UNICEF em parceria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação (CNDE), em 2014, mais de 3,8 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos estavam fora da escola no Brasil, segundo o Censo Demográfico de 2010 (IBGE). Outros 14,6 milhões de meninas e meninos de 6 a 17 anos apresentavam atraso escolar, um dos principais fatores que ameaçam sua permanência na sala de aula. Os grupos mais atingidos são as crianças de 4 e 5 anos, com idade para frequentar a pré-escola, e os adolescentes de 15 a 17 anos, que deveriam estar no ensino médio.
Fonte: ONU Brasil 


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